terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Você está revestido de poder? - Paul Washer

Refletindo sobre o cristianismo...


A segunda perseguição, sob Trajano, 108 d.C.
Na terceira perseguição, Plínio o Jovem, homem erudito e famoso, vendo a lamentável matança de cristãos, e movido por ela à compaixão, escreveu a Trajano, comunicando-lhe que havia muitos milhares deles que eram mortos a diário, que não tinham feito nada contrário à lei de Roma, motivo pelo qual não mereciam perseguição. "Tudo o que eles contavam acerca de seu crime ou erro (como deva chamar-se) só consistia nisto: que costumavam reunir-se em determinado dia antes do amanhecer, e repetirem juntos uma oração composta de honra de Cristo como Deus, e em comprometer-se por obrigação não certamente a cometer maldade alguma, senão ao contrário, a nunca cometer furtos, roubos ou adultério, a nunca falsear a palavra, a nunca defraudar ninguém; depois do qual era costume separar-se, e voltar a reunir-se depois para participar em comum de uma comida inocente".
Nesta perseguição sofreram o bem-aventurado mártir Inácio, quem é tido em grande reverência entre muitos. Este Inácio tinha sido designado para o bispado de Antioquia, seguindo a Pedro na sucessão. Alguns dizem que ao ser enviado da Síria para a Roma, porque professava a Cristo, foi entregue às feras para ser devorado. Também se diz dele que quando passou pela Ásia (a atual Turquia), estando sob o mais estrito cuidado de seus guardiões, fortaleceu e confirmou as igrejas por todas as cidades por onde passava, tanto com suas exortações como predicando a Palavra de Deus. Assim, tendo negado a Esmirna, escreveu à Igreja de Roma, exortando-os para que não empregassem médio algum para libertá-lo de seu martírio, não fosse que o privassem daquilo que mais anelava e esperava. "Agora começo a ser um discípulo. nada me importa das coisas visíveis ou invisíveis, para poder somente ganhar a Cristo. Que o fogo e a cruz, que manadas de bestas selvagens, que a ruptura dos ossos e a dilaceração de todo o corpo, e que toda a malícia do diabo venham sobre mim; assim seja, se só puder ganhar a Cristo Jesus!". E inclusive quando foi sentenciado a ser lançado às feras, tal era o ardente desejo que tinha de padecer, que dizia, cada vez que ouvia rugir os leões: "Sou o trigo de Cristo; vou ser moído com os dentes de feras selvagens para que possa ser achado pão puro".
Adriano, o sucessor de Trajano, prosseguiu esta terceira perseguição com tanta severidade como seu antecessor. Por volta desta época foram martirizados Alexandre, bispo de Roma, e seus dois diáconos; também Quirino e Hermes, com suas famílias; Zeno, um nobre romano, e por volta de outros dez mil cristãos.
Muitos foram crucificados no Monte Ararate, coroados de espinhos, sendo traspassados com lanças, em imitação da paixão de Cristo. Eustáquio, um valoroso comandante romano, com muitos êxitos militares, recebeu a ordem de parte do imperador de unir-se a um sacrifício idólatra para celebrar algumas de suas próprias vitórias. Porém sua fé (pois era cristão de coração) era tanto maior que sua vaidade, que recusou nobremente. Enfurecido por esta negativa, o ingrato imperador esqueceu os serviços deste destro comandante, e ordenou seu martírio e o de toda sua família.
No martírio de Faustines e Jovitas, que eram irmãos e cidadãos de Bréscia, tantos foram seus padecimentos e tão grande sua paciência, que Calocério, um pagão, contemplando-os, ficou absorto de admiração e exclamou, num arrebato: "Grande é o Deus dos cristãos!", pelo qual foi preso e foi-lhe feito sofrer parelha sorte.   (O livro dos Mártires, John Fox)

Queridos, foi movido e comovido pelo espirito do cristianismo primitivo, que me pareceu oportuno registrar aqui parte desse material de John Fox. Essa foi  apenas uma pequena amostra da opressão sofrida pelos cristãos por longos e longos séculos de martírio, afim de que, nós, que professamos a fé em Cristo, que sustentamos o testemunho do evangelho, possamos repensar sobre o nosso cristianismo, o cristianismo do século XXI, que quando comparado as primícias do cristianismo primitivo, torna-se tão vazio e leviano. Um contraste vergonhoso!
Contraste vergonhoso quando percebo "cristãos" com vergonha de carregar uma Bíblia publicamente; quando vejo "cristãos" lotando igrejas, não para honrarem a Cristo, mas para reivindicar bênçãos financeiras; quando vejo "cristãos" batendo a porta na cara de um pedinte; quando vejo "cristãos" assistindo programas de TV que fazem apologia ao adultério, as drogas e a fragmentação familiar, enquanto o diabo trabalha astutamente ceifando almas; quando vejo "cristãos" mercadejando a Palavra de DEUS, A Qual os mártires pagaram com a vida para que Ela sobrevivesse.
Minha oração é para que esse espirito do cristianismo primitivo possa nascer dentro de nós, para que possamos sair do conforto e comodismo deste século em prol daqueles que não conhecem a verdade, em prol dos necessitados, dos enfermos, dos famintos, dos oprimidos, e ainda que em parte, aliviar um pouco o julgo das diferenças sociais, raciais e intelectuais imposta sobre eles. Não podemos ficar estáticos e indiferentes aos sofrimentos, não somente daqueles que viveram antes de nós, como também aos que estão entre nós. E como disse Jesus: Aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço. João 14:12