segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Determine?


  “Você tem que determinar!” Esse é o slogan que permeia o cristianismo pós-moderno. E ainda há muitos outros discursos desse tipo, como: “Você tem que agir a fé!”, “Você não pode aceitar a derrota!” e etc... Mas, até onde isso está correto? E o que eu posso determinar? Pois bem, devemos considerar que, quando eu “determino” isso ou aquilo, Deus se torna objeto da minha vontade. Quando eu “determino” isso ou aquilo, estou afirmando indiretamente que não aceito a vontade de Deus, que não confio meu destino/futuro aos Seus cuidados. Agora, preciso fazer uma afirmação importante: isso não tem nada haver com fé, com a fé verdadeira. Como você aperfeiçoará a fé “determinando” que não aceita a provação ou o sofrimento pelos quais a sua fé será aperfeiçoada? Isso é diabólico! 

    Ouço com freqüência que um cristão não pode aceitar a doença, não pode aceitar a derrota, não pode aceitar o desemprego e que tem que colocar Deus à prova. “Se você serve ao Deus Vivo você tem que ter uma vida de sucesso, porque o fracasso seria um mau testemunho.” Mas, se assim for, o que poderíamos dizer do servo integro e reto e temente a Deus, chamado Jó? Um péssimo ou um bom testemunho? Quando Jó perdeu todo o que possuía, incluindo os filhos e até a saúde acometido por uma doença? Éh! Eu já sei: “Deus mudou a sorte de Jó!” É fácil afirmarmos isso quando conhecemos a história e sabemos que teve um final feliz, mas a realidade é que se fosse nos dias de hoje, muitos “cristãos” diriam que Jó naufragou na fé, que não teve fé suficiente, que não tinha um bom testemunho, não é assim? Mas sem poder prever seu futuro e diante de toda aquela calamidade, você lembra qual foi a resposta de Jó? “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e ADOROU; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; BENDITO SEJA O NOME DO SENHOR! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus FALTA ALGUMA.” (Jó 1:20-22) Essa reação de Jó diante de toda a calamidade que lhe sobreveio deixaria muitos “pregadores” de hoje indignados com seu conformismo e “falta de fé” para “determinar”, para “não aceitar” aquela situação.


E o que dizer da reação de Pedro, quando Jesus disse o que estava para Lhe acontecer à cerca de Sua morte de cruz? Pedro se manifestou contra essa idéia e até reprovou o Senhor; e qual foi a resposta de Cristo? “Arreda, satanás! Tu és para Mim pedra de tropeço, porque não cogitas das COISAS DE DEUS e sim DAS DOS HOMENS.” (Mt. 16:21-23) Se fosse nos dias de hoje, muitos “irmãos” agiriam como Pedro, dando ouvidos a satanás e dizendo: “Não, você não pode aceitar a cruz!”, “Você não pode aceitar a derrota, que Deus que tu serve?”, “Isso será um péssimo testemunho!” Hã, é mais fácil ter fé para “determinar” isso ou aquilo do que ter fé para ir à cruz! Ninguém quer sofrer, porque sofrer é um mau testemunho não é mesmo? Agora, deixe-me dizer uma coisa: TODOS os discípulos, exceto João, foram assassinatos das formas mais cruéis, o apostolo Paulo foi acometido de uma doença nos olhos durante sua jornada de pregação, e o que aconteceu com o “determine”? Deus não foi com eles? Sim, Deus era com eles, e porque Deus era com eles é que morreram alegremente, porque tinham fé suficiente para confiar que, apesar das aflições, Deus Estava no controle de suas vidas.


 Assim, que todos possamos reagir diante das adversidades como os amigos de Daniel: “Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. “SE” o nosso Deus, a Quem servimos, QUER LIVRAR-NOS, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei.” (Dn.3:16-17) Aqui, a conjunção subordinativa condicional (SE) está explícita no texto. Não foi dito: “Nós determinamos que o nosso Deus nos livre da fornalha!”, mas sim: “SE o nosso Deus quiser, Ele nos livrará.” E que essa seja a nossa resposta, como também foi a resposta de Jesus diante das aflições: “Meu Pai [...] que não seja como Eu quero, mas como Tu queres.” (Mt. 26:39) E que a nossa única determinação seja a de obedecer e aceitar a vontade de Deus para as nossas vidas. Lembrando sempre que a fé não é aperfeiçoada pela capacidade de realizar um milagre, mas pela capacidade de confiar (crer) Naquele que É Poderoso para cuidar de nossas vidas, mesmo diante do caos das adversidades.

Que a Paz do Senhor repouse sobre a sua vida!
                                                                                                --Gabriel Castro